Saturday, March 18, 2006

Comentário

Sexta feira, noite de copos, noite de saida, noite de amigos....
Sexta feira, noite de ficar em casa, noite de descanso, noite de fim de semana....
Pat Metheny na aparelhagem, e dezenas de blogs para ler e comentar. Hoje o escolhido, não sei porquê, não sei porque destino ou por obra de que acaso foi o da Andreia. Mais especificamente, o post sobre a publicidade da Nike, ou sobre o papel da mulher.
Embora a mulher tenha um papel muito importante na nossa sociedade (e não vale a pena negar, com machismos absurdos), o homem está cada vez mais mudado. E a prova disso é a efemenização de que tanto temos ouvido falar por essas cadeiras de Gestão do Conhecimento, ou até de Sociologia e Cultura dos MDI.
Com isto não quero dizer que os homens se estão a tornar cada vez mais femininos, ou menos, homens, nada disso! Ou quererei??
A verdade é que ao contrário da Andrei, depois de tanta coisa que temos aprendido ao longo destes 4, 5 ou até, para alguns, 6 anos, eu continuo a não suportar publicidade, seja na televisão, seja na telefonia, ou onde quer quer seja. É verdade que os anuncios estão cada vez mais complexos, rápidos, e astutos. Cada vez temos menos a noção daquilo que se quer realmente vender, mas temos sim, a noção do tipo de produto que queremos para o nosso estilo de vida!
Felizmente hoje em dia o culto da magreza acabou e cada vez mais se vêm mulheres de todos os tipos a protagonizar as mais variadas publicidades, como é de facto o caso da publicidade da Nike em questão.
No entanto, a pergunta que se levanta é: Não estarão os homens também a mudar, e a tomar outros papeis que até há bem pouco tempo eram vistos como pertencentes às mulheres? Não haverá homens que, em casa, cozinham e lavam a loiça? Que tomam conta dos filhos para que as mulheres possam ir trabalhar ou até sair com amigas? Será esse homem uma utopia? Não sei. Apenas o tempo o dirá. Agora uma coisa é certa, mesmo que esse tipo de homem não exista, os produtos para ele já estão a ser comercializados, e já se começam a ver por ai. Vejam o mais recente anuncio da Nivea, por exemplo. Ou da Actimel em que um piloto fala das suas experiencias com iogurtes... Não sei meninas, acho que esse homem anda ai, e que mais cedo ou mais tarde ele vai ser uma banalidade entre vós!
Entretanto, Andreia, bom post. Eu sei que o meu comentário não teve muito a ver com o que escreveste, mas também, é Sexta feira à noite. Já fiz o jantar, lavei a loiça, deitei os putos, e agora está na minha hora de descanço. Pat Metheny na aparelhagem, um blog, e pensamentos que passeiam pela minha cabeça. Amanhã apenas o futuro será realidade.

Wednesday, March 01, 2006

Cartas

Hoje recebi uma carta de um amigo que não via há muitos anos. Uma carta demorada, comprida e detalhada sobre os últimos anos. Sobre os anos em que não nos vimos, sobre os anos em que estivemos separados. Hoje recebi uma carta e não um Email, ou uma mensagem no telemovel. Uma carta. Escrita em papel, dobrada, posta num envelope e metida no correio. Com selos e tudo!
Hoje em dia já ninguém escreve cartas. Já ninguém quer perder esse tempo. Já ninguém liga aos detalhes nem ao prazer de escrever. Escrever numa noite como esta. Escrever e pensar no que se escreve, no que se vai escrever e no que se vai contar a seguir. Escrever de forma a perder a noção do tempo, e de forma a detalhar tudo da melhor maneira possivel.
Hoje recebi uma carta e por momentos, depois de a ler, tive vontade que fosse Inverno cerrado. Vi-me numa mesa, com uma folha branca e uma caneta apenas. Uma lareira acesa atrás de mim, e quem sabe até, também, um rádio ligado, e um improviso de Jazz a tocar, ou Chopin... Vá, vá, podia até ser Pat Metheny a dedilhar uma guitarra mas nunca mais do que isso. E lá fora, escuro como breu! Como se tivesse faltado a luz em toda a cidade e apenas o escuro da noite existisse para lá da janela.
Mas o que tem tudo isto a ver com o tema deste post... De certeza que já estão a pensar nisso! Então comparem este post com o meu anterior. De certeza que notam a diferença. Para já começa pelo facto de eu achar que o anterior está vergonhosamente mal escrito e nada de jeito se pode dali tirar. Contudo, hoje fui bafejado por esta inspiração e cá está ela.
Com este post pretendo sobretudo mostrar a diferença que ainda existe, embora cada vez menos, entre o Mundo real, e o Mundo que algumas pessoas insistem em viver. Um Mundo mais lento, com melhor qualidade de vida, onde as amizades interessam acima de tudo, e onde o tempo não tem nada a dizer sobre nada do que possa interessar.
Hoje recebi uma carta e demorei-me a lê-la. Aproveitei cada palavra o melhor que consegui. Visuzlizei cada comentário, cada descrição, e quando cheguei ao fim pousei-a e pensei. Outra vez, demorei-me a pensar, revivendo memórias, e dias passados com o meu amigo de longa data mas que agora está tão longe.
Logo ali tive vontade de lhe responder. Claro, podia ligar-lhe já! Dizer que recebi a carta, que está tudo bem, e ter com ele os três temas de conversa habituais. Sim, porque não daria para mais do que isso, já que ligar para os Estados Unidos custa balurdios. Podia também responder-lhe via Email; isso seria de certeza mais rápido, e mais prático. Mas como é que diria tudo o que tenho para dizer, descreveria tudo o que tenho para descrever. Não podia ser. No Email perde-se tudo o que uma carta representa, e novamente somos atacados pelo sentimento de pressa, praticalidade, e desinteresse que representa a tecnologia. Numa carta não. Numa carta podemos até sentir qualquer coisa que quase se assemelha ao contacto humano. Ao contaco fisico com alguém. Uma carta é mais pessoal!
Hoje recebi uma carta. Li-a. Pensei-a. E não me apressei a responder. Vou deixar isso para mais tarde. Para quando a noite me trouxer o seu silencio e a sua luz. Para quando uma lareira crepitar atrás de mim, e para quando não tiver mais nada em que pensar se não na minha folha branca e na luz da escuridão à minha frente.
Hoje recebi uma carta num tempo em que já ninguém escreve cartas. Recebi uma carta que representa o completo oposto desta sociedade que somos todos nós e que aposta na velocidade, na rapidez de processamento, e no mais rápido meio para atingir determinado fim.
Vou demorar a responder. Afinal, tenho o tempo que quiser!